Resumo Escrever é revelar. Forma de se colocar no mundo, de expressar ideias, recorrendo aos fragmentos do passado e às idealizações do amanhã. Ato de manifestação pessoal, pode, contudo, materializar-se pelas mãos de outrem. Por caminhos convencionais ou inusitados, homens e mulheres, em diferentes épocas, deixaram registradas suas versões da própria existência. No esforço de resgatar as lembranças, de fazer sentir os afetos, de expressar crenças e valores, sujeitos iletrados, valendo-se de um mediador, colocaram no papel suas representações do real e, desse modo, atuaram socialmente. Estratégicas ou não, as palavras e as expressões davam passagem, em fatias de textos, aos interiores, aos relacionamentos, às memórias, aos desejos. Aqui, tecemos breve discussão sobre o lugar e a importância da escrita mediada em Minas Gerais, no final do século XVIII e início do XIX, e buscamos destacar a potencialidade dos testamentos post mortem para o estudo dos usos da escrita nesse contexto. Para efeito de análise, dialogamos com autores da linguística e pesquisadores referenciais no estudo da sociedade colonial.
Abstract Write is to reveal. It is a form to appear on the world, an expression of ideas, using fragments of the past and some projections of tomorrow. Act of a personal manifestation, it can be materialized with another hands. On a conventional or an unusual way, men and women in a different time, left some records of their own existence. On the effort of rescue remembrance, feeling the affections, beliefs and values, some unlearned person, using some mediation, put on paper some representations of reality; thus they have acted socially. Strategically or not, some words and expressions gave passage in pieces of texts, to the own interior, to relationships, or memories, or desires. On this article, we briefly discuss the place and importance of mediated written in Minas Gerais in the late eighteenth and early nineteenth, aspiring detach the potential of this post mortem testaments for the studies about the uses of write on this context. For analysis purposes, we dialogue with authors of linguistics and reference researchers in the study of colonial society.